Tudo que eu sempre quis saber e não soube
(escrito por Kaplan)
Eu
já coloquei à disposição de vocês, leitoras e leitores, várias páginas do
caderno em que Meg registrou um punhado de coisas que lhe aconteceram, a maior
parte delas, inclusive, que eu não soube na época.
Mas
creio que fiz errado. Deveria ter postado, primeiro, aquilo que ela escreveu em
primeiro lugar. Fui pegando aqui e ali e não dei a devida atenção às primeiras
páginas.
Vou
fazer isso agora. Transcrevo as primeiras páginas, que são recordações da vida
dela até me conhecer e casar comigo.
Quando a gente está de cama,
enferma, querendo ou não nos recordamos de nossa vida. Diversos episódios, bons
ou maus, surgem em nossa mente. E achei legal essa ideia que tive, de registrar
neste caderno tudo o que lembrei. Talvez alguém leia um dia e ache legal
também.
Nasci em 1952, numa pequena
cidade do interior de Minas. Cidade realmente pequena, mas foi ali que passei
minha vida até os 18 anos, quando me casei.
Tive uma infância normal para
aquela época. Família numerosa, eu fui a penúltima de seis irmãs, só a Teresa
que nasceu depois de mim. Acho que, por isso, tive mais liberdade. Minha mãe já
cuidara de quatro, devia estar cansada e fiquei bem à vontade. Minhas irmãs é
que me olhavam, mais do que ela.
Se essas árvores falassem... (foto: Kaplan) |
Nossa casa, como quase todas
da rua onde morávamos, tinha um quintal gigantesco, cheio de árvores
frutíferas, galinheiro. As mangueiras, se falassem, teriam muita coisa a
contar... quantas vezes subi lá, sem calcinha, para alegria de meus primos e
vizinhos! Eles me pediam, eu topava, isso com 5, 6 anos. Não havia pecado, era
simplesmente brincadeira.
Na casa de um dos primos, o
quintal era gigantesco mesmo, o maior de todos. Ele acabava num riacho de águas
límpidas, e foi lá que aprendi a nadar, aliás, todos nós aprendemos a nadar
ali, por conta própria, ninguém ensinava. Hoje fico pensando como éramos
irresponsáveis... algum de nós podia ter morrido por lá. Claro que os tios
proibiam a gente de ir lá, mas nós sempre achávamos um jeito de escapulir da
vigilância e íamos.
Como não levávamos maiôs, nem os meninos levavam calções de
banho... a gente tirava as roupas todas e nadava pelados. Depois que saíamos da
água, ficávamos deitados na grama até que nossos corpos ficassem bem secos, nos
vestíamos e pulávamos a cerca para o quintal ou da minha casa ou da casa de um
primo, que eram vizinhos, para ninguém desconfiar que estávamos vindo do
riacho.
Se esse riacho falasse.... (foto: Kaplan) |
Foi nesse clima de amizade que
começamos a entender um pouco de sexualidade, coisa que ninguém falava, era
tabu. Mas aos nos vermos pelados, vinha a curiosidade e as brincadeiras de
médico permitiam que nos tocássemos. Eu adorava pegar nos pintinhos dos meus
primos e eles gostavam muito de pegar em minha bunda, que era a maior de todas.
Ao todo éramos uns sete ou oito, tenho certeza de que eram quatro meninas,
contando comigo.
Aos 7 anos começávamos a
frequentar o grupo escolar. Era o curso Primário.
Então, as brincadeiras de
médico e a natação no riacho ficavam comprometidas. Nas férias, a gente
descontava!
E assim o tempo foi passando,
nossos corpos foram se modificando. Uma das primas parou de brincar com a
gente, disse que estava ficando com vergonha dos peitinhos que cresciam. Não
entendi porque ela ficava envergonhada. Meus seios também já apareciam e eu não
ligava quando os meninos pediam pra ver e os “médicos” tocavam. Tudo era
brincadeira, e eu sempre exigia reciprocidade, ou seja, eles tinham de me
mostrar seus pintinhos que cresciam e começavam a ficar com pelinhos em volta.
Adolescentes, continuamos
brincando muito. E aproveitando as brincadeiras à noite para começarem os
primeiros beijos e amassos. Brincávamos de pegador, um se escondia e os outros
tentavam encontrá-lo. Como a escuridão era grande, logo as duplas começavam a
procurar um local bom para começarem a se beijar e dar uns amassos. Eu não
perdia uma brincadeira dessas!
Já estávamos no Ginásio e
quando chegamos aos 15,16 anos, começamos o curso Científico, que era o único
que existia na cidade. Eram três anos, eu entrei com 15 e terminei com 17.
Comecei a namorar um colega da
escola, já com os corpos bem definidos e os hormônios supitando. Mas havia o
tabu da virgindade e eu não deixava ele enfiar o pinto em mim. A gente fazia
muita coisa, aprendi a chupar o pau dele, ele me chupava também, mas transar,
nem pensar!
Quando terminamos o
Científico... não havia faculdade na nossa cidade. Era a hora de definições
sérias. Os rapazes, geralmente saíam da cidade e iam morar na capital ou em
outra cidade maior, onde pudessem fazer uma faculdade. E as garotas, como eu,
geralmente ficavam na cidade, esperando um noivo aparecer, casar, ter filhos...
como nossas mães!
Esse foi o cara... (acervo Kaplan) |
Foi aí que, um dia, andando
pela rua, me deparei com um rapaz que nunca vira. Tinha uma máquina fotográfica
na mão, era barbudo, cabeludo. Me viu e me perguntou o que havia de
interessante na cidade para fotografar.
Falei com ele que tinha a
igreja, a escola, que era um prédio bem bonito, e as fazendas em volta. Ele me
perguntou se poderia ir com ele para mostrar os lugares que mencionei. Falei
que sim e o levei primeiro à igreja, que estava bem perto. E aí começamos a
conversar. Ele se chamava Kaplan, nome que achei horrível num primeiro momento.
E me contou parte da vida dele. Tinha estudado em uma faculdade de uma cidade
do interior, estudara Geologia, formara e percebera que não tinha vocação
nenhuma para tal. Gostava era de fotografar e fez um curso com um professor na
capital, chamado Arnaldo.
E estava ali exatamente para
treinar.
Uma das primeiras fotos que tirei dela... (foto: Kaplan) |
Achei fascinante a história
dele. Conversamos muito, levei-o a algumas estradinhas de terra que conduziam a
fazendas, tinha porteiras, ele achou “um barato”, como ele me disse. E acabou
que tirou umas fotos minhas. Era a primeira vez que eu me deixava fotografar
assim, sem a família...
No final do dia ele falou que
voltaria para me dar as fotos que iria revelar.
Confesso que fiquei muito
emocionada, mas achei que ele não voltaria. Devia ser papo de gente da cidade
grande.
Mas ele voltou. Adorei as
fotos que ele tirou. E ele disse que queria tirar mais. Então fomos, de novo
nas estradinhas, e aí suei frio quando ele me perguntou se eu poderia mostrar
os seios para as fotos. Não sei o que deu em mim, concordei. Depois é que
pensei que provavelmente levaria uma surra de vara de marmelo de meu pai, se
ele viesse a saber.
Acho que fiquei louca... mostrei pra ele... |
Mas quando o Kaplan retornou,
em outro dia, com as fotos, ele só deixou minhas irmãs e meus pais verem as que
podiam ser vistas... as outras ele disse que me mostraria, mas levaria de
volta, porque não queria causar problemas pra mim.
E na terceira vez que ele veio
à minha cidade... me pediu pra namorar. Senti que meu rosto ficava vermelho,
balbuciei qualquer coisa que ele entendeu ser um sim. E daí em diante, todo fim
de semana ele vinha me ver. Namoro à antiga, dentro de casa, com as irmãs do
lado...
E casamos. Coisa simples,
nunca fui de luxos, nem ele.
Fui morar na capital, ele
tinha alugado uma casinha linda, num lote em que ela ficava ao fundo e na
frente tinha um gramado e um jardim que ficaram sendo minha paixão. Cuidava de
tudo com carinho. E, aos poucos, ele foi me contando as aventuras sexuais dele
na época da faculdade. E me falava que os tempos estavam mudando, os hippies
tinham surgido falando de vida natural, paz e amor. Acabou que tivemos uns dois
anos de vida hippie com algumas pessoas que ficamos conhecendo. Eu adorava as
roupas. Saias indianas, blusas de algodão que o pessoal chamava de “camisa do
vovô”, colares... tudo lindo.
... muita paz e muito amor... |
Nosso tempo de hippies... |
E foi vivendo nessa união que
acabei abrindo minha cabeça para entender que mesmo sendo casada, eu poderia
ter relações com outras pessoas. Kaplan me ajudou muito nisso, afinal, eu tinha
uma cabeça ainda meio bitolada pela educação severa que eu tivera.
Pretendo registrar aqui muitas
das minhas aventuras, a maioria das quais não falei com o Kaplan. Geralmente a
gente comentava tudo, mas alguns segredos eu mantive e só agora revelo.
Foi
assim que ela começou, e, de fato, as páginas seguintes trazem dezenas de casos
que ficaram guardados em segredo. E que estou conhecendo aos poucos e trazendo
para vocês, leitoras e leitores.
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